5.2 Política Editorial

Política Editorial

A Política Editorial da EDUEPB define princípios, diretrizes e objetivos que orientam o processo de edição, produção e difusão do conhecimento acadêmico, fortalecendo o compromisso com a ciência aberta, a inclusão e a inovação editorial.

Apresentação

A Editora da Universidade Estadual da Paraíba – EDUEPB – foi criada em 1995 e iniciou suas atividades de publicação a partir de 1998, como órgão suplementar vinculado a Reitoria. A EDUEPB tem como missão editar, co-editar, publicar, produzir, incentivar a produção, disseminar, comercializar, distribuir e fazer circular obras de qualidade e relevância científica, cultural e/ou didática, de forma a atender os interesses de ensino, pesquisa e extensão da comunidade acadêmica, em particular, e da sociedade de um modo geral. São objetivos da editora a difusão da ciência e a cultura por meio da publicação de livros e periódicos; promover o intercâmbio cultural por meio de traduções de obras de relevância acadêmica e social; incentivar novos autores através da divulgação de trabalhos acadêmicos; e manter laços com outras editoras universitárias através de parcerias em forma de co-edições de projetos de âmbito regional, estadual, nacional e internacional. A EDUEPB atender estudantes, professores e pesquisadores e, também, o público geral, difundindo, para além da academia, o conhecimento nela produzido. Fazem parte do catálogo desde livros didáticos até pesquisas de ponta, obras clássicas (em todas as áreas), teorias científicas contemporâneas, nacionais e internacionais, bem como estudos sobre os mais representativos escritores, artistas brasileiros. A excelência de seus esforços fez com que recebesse importantes prêmios ao longo dos anos, como o Prêmio Jabuti, e se tornasse referência pela qualidade acadêmica, editorial e gráfica de sua produção.

Manifesto

Publicar é mais que imprimir palavras: é semear ideias, cultivar diálogos e colher transformações. A EDUEPB, como editora universitária pública, assume o compromisso de fazer do livro um território de encontro — entre vozes, saberes, culturas e mundos.

Acreditamos numa ciência que não se fecha em si, mas se abre ao comum. Uma ciência cidadã, que escuta, que aprende, que age. Que reconhece a diversidade como potência, a natureza como aliada e o mundo como um tecido de relações que não pode ser rasgado pela indiferença.

Nossa política editorial é um gesto de resistência à tentativa de erosão da democracia, à banalização do conhecimento, à exclusão dos corpos e à negação das ideias. É também um gesto de esperança: por uma escrita que transforma, por uma leitura que liberta, por uma publicação que pulsa com o tempo presente.

Comprometemo-nos com a inclusão plena — de pessoas, de perspectivas, de possibilidades. Com a ética que não se limita à norma, mas se expande como cuidado. Com a responsabilidade que não se esgota no processo, mas se renova no impacto.

A EDUEPB publica para o mundo, com o mundo e pelo mundo. Porque cada livro que nasce aqui carrega o sonho de uma sociedade mais justa, mais plural, mais viva e mais sustentável.

A EDUEPB, neste documento, adota, como horizonte, o conceito de “Novo Livro” que não se limita à leitura linear, mas propõe experiências sensoriais e cognitivas que envolvem o leitor como sujeito ativo.

Princípios

A EDUEPB tem como missão promover a produção e a socialização do conhecimento científico, técnico, pedagógico, didático, artístico e cultural, com compromisso ético, responsabilidade social e valorização da diversidade intelectual. Nossa política editorial é orientada por princípios que refletem os valores da universidade pública e gratuita: inclusão, acessibilidade, pluralidade, transparência e diálogo com a sociedade.

Missão

Promover a produção, valorização e difusão do conhecimento científico, técnico, pedagógico, didático, artístico e cultural, com compromisso ético, inclusão epistemológica e responsabilidade social, fortalecendo o papel da universidade pública como agente de desenvolvimento e de transformação da sociedade.

Objetivos

1. Fomentar a diversidade intelectual – Incentivar publicações que expressem múltiplas vozes, saberes e perspectivas, especialmente aquelas marginalizadas ou invisibilizadas nos circuitos editoriais hegemônicos.

2. Garantir qualidade e integridade editorial – Adotar critérios técnicos e éticos rigorosos nos processos de avaliação, revisão e publicação, assegurando a credibilidade das obras editadas.

3. Ampliar o acesso ao conhecimento – Priorizar o acesso aberto e gratuito às publicações, promovendo a democratização do conhecimento e o fortalecimento da ciência cidadã.

4. Estimular a inovação e o diálogo interdisciplinar – Apoiar obras que cruzem fronteiras disciplinares, proponham novas abordagens e dialoguem com os desafios da contemporaneidade.

5. Valorizar a produção regional e institucional – Dar visibilidade à produção acadêmica da UEPB e de outras instituições regionais, fortalecendo sobretudo redes de pesquisa e cooperação.

6. Promover práticas editoriais éticas e responsáveis – Estabelecer diretrizes claras sobre autoria, uso de inteligência artificial, direitos autorais e respeito à diversidade.

7. Formar e capacitar agentes editoriais – Oferecer formação continuada a autores, organizadores, revisores, editores e demais colaboradores da cadeia editorial, com foco em boas práticas de empreendedorismo e inovação.

8. Dialogar com a sociedade – Produzir e divulgar obras que contribuam para o debate público, o discernimento crítico e a transformação social.

Diretrizes Gerais

1. Inclusão Epistemológica – Valorização de saberes diversos, interdisciplinares e contra-hegemônicos, com base no incentivo à autoria coletiva, comunitária e territorial.

2. Ética e Integridade – Compromisso com a transparência, a responsabilidade intelectual, a revisão crítica, a declaração obrigatória de uso de inteligência artificial e a rejeição de práticas como plágio, autoplágio e autoria fantasma.

3. Transparência Editorial – Processos claros de avaliação, revisão e decisão editorial; sistema de avaliação por pares, com possibilidade de pareceres abertos; comunicação acessível e respeitosa com autores e leitores.

4. Acesso e Difusão – Prioridade ao acesso aberto e gratuito às publicações; estímulo à circulação das obras em ambientes digitais, eventos e redes científicas; incentivo à tradução, adaptação e reedição de obras relevantes.

5. Apoio à produção acadêmica – Incentivo à produção acadêmica em suas múltiplas expressões (dissertações, teses, produtos oriundos da Iniciação Científica, da Extensão Universitária, da Residência Acadêmica e de outras modalidades formativas), com vistas à ampliação do impacto social e científico da produção universitária.

6. Fomento aos temas de fronteira – Apoio a obras que abordem temas emergentes, complexos e interdisciplinares; estímulo à publicação de pesquisas que dialoguem com os desafios contemporâneos: Inteligência Artificial, mudanças climáticas, biodiversidade, bioeconomia, riscos em saúde pública, bioética, tecnologias sociais, entre outros.

7. Relação ciência–tecnologia–sociedade – Incentivo à produção que reflita criticamente sobre os impactos sociais, culturais e ambientais da ciência e da tecnologia; valorização de abordagens que promovam o diálogo entre saber técnico e saber popular.

8. Contribuição para o desenvolvimento sustentável, regional e territorial – Apoio a obras que fortaleçam o desenvolvimento local, regional e territorial com base em conhecimento científico, cultural e educacional; estímulo à publicação de estudos aplicados, diagnósticos, propostas de políticas públicas e experiências de extensão; compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e com a justiça ambiental.

9. Reconhecimento da legitimidade de múltiplos saberes – Valorização de saberes indígenas, afro- -brasileiros, quilombolas, populares, feministas, LGBTQIA+, rurais, urbanos, espirituais, dentre outros.

10. Promoção do diálogo entre ciência e território – Incentivo a publicações que partem da realidade vivida, que escutam os territórios e que se comprometem com suas urgências e potências.

11. Descolonização do pensamento editorial – Questionamento dos padrões eurocentrados, lógicas excludentes e hierarquias epistêmicas que marginalizam vozes e experiências.

12. Acolhimento da escrita como expressão de identidade – Respeito aos estilos, variações linguísticas, narrativas híbridas e formas de expressão que rompem com a homogeneização acadêmica.

13. Incentivo à autoria coletiva – Estímulo a obras escritas por grupos, coletivos, movimentos e comunidades, reconhecendo que o conhecimento é também construção compartilhada.

14. Valorização da oralidade e da memória como fontes legítimas – Reconhecimento de que a tradição oral, os relatos de vida e as narrativas comunitárias são formas válidas e potentes de produção de conhecimento.

15. Criação de espaços editoriais para saberes insurgentes – Desenvolvimento de coleções, chamadas públicas e projetos editoriais voltados para autores e temas que desafiam o status quo e ampliam o horizonte da ciência.

Em busca do Novo Livro

1. Multimodal – Combina linguagem escrita, oralidade, visualidade; pode ser lido, ouvido, assistido, tocado; constitui livro que conversa com o presente e com os sentidos.

2. Híbrido – Integra o impresso e o digital, o texto e a imagem, a palavra e o código; trata-se de livro que se dobra em formatos, que se estende em plataformas, que se adapta, sem perder sua essência.

3. Acessível – Pensado para todas as pessoas, com e sem deficiência. Compatível com leitores de tela, audiolivros, Libras, braile, leitura simplificada, dentre outras.

4. Democrático – Aberto ao acesso livre, à diversidade de vozes, à pluralidade de saberes; não se curva ao mercado, mas se ergue pelo compromisso público.

5. Colaborativo – Feito com e para as pessoas; acolhe autoria coletiva; escuta os territórios; incorpora experiências vividas: nasce do chão, da rua, do trabalho, da produção, da vida.

6. Interativo – Convida o leitor a participar, comentar, remixar, compartilhar; não termina na última página, mas continua nas salas de aula, nas comunidades, nas redes, nos diversos segmentos e ambiências sociais.

Novo Autor, Novos Leitores

• Formar o novo autor – Estimular uma escrita consciente, ética e engajada que reconheça seu papel social e sua potência transformadora; fomentar um autor que escreva não apenas para ser lido, mas para provocar, dialogar e construir novas e verdadeiras pontes.

• Valorizar o papel social do autor – Reconhecer que todo autor é também um agente político, cultural e pedagógico; apoiar autores que se posicionam, que escutam o mundo e que escrevem com coragem, intrepidez e comprometimento com o outro.

• Preparar para o novo leitor – Compreender que os leitores, cada vez mais, são múltiplos e conectados, demandando autores e editores atentos às novas linguagens, às tecnologias acessíveis e às demandas de inclusão e representatividade.

• Promover oficinas e espaços de escuta – Realizar atividades formativas que vão além da técnica: rodas de conversa, laboratórios de escrita, mentorias coletivas e espaços de escuta entre autores, editores e leitores.

• Incentivar a escrita como prática de liberdade – Estimular a escrita como exercício de autonomia, expressão e resistência.

• Fortalecer comunidades de prática editorial – Criar redes de colaboração entre autores, organizadores, revisores e diagramadores, promovendo trocas horizontais e aprendizagens compartilhadas.

• Ética e Integridade – Rejeitar práticas de plágio, autoplágio, manipulação de dados e autoria fantasma.

• Transparência Editorial – Os processos de avaliação, revisão e decisão editorial são públicos, claros e baseados em critérios técnicos e éticos.

• Acesso e Difusão – Priorizar o acesso aberto e gratuito às publicações, estimulando a circulação das obras em ambientes digitais, eventos acadêmicos e redes sociais técnicocientíficas.

Inteligência Artificial e Produção Editorial

• Obrigatoriedade de declaração explícita do uso de ferramentas de IA em qualquer etapa da produção textual.

• A responsabilidade final pelo conteúdo é sempre dos autores humanos.

• A IA pode ser utilizada como suporte técnico, mas não substitui o juízo crítico, a autoria intelectual e a revisão humana.

• Obras que utilizem IA devem seguir as recomendações éticas estabelecidas pela EDUEPB, disponíveis em nosso Manual Editorial.

• A EDUEPB oferece oficinas, cursos e materiais sobre escrita acadêmica, ética editorial e uso responsável da IA.

• Estímulo à formação continuada de autores, organizadores, revisores e editores, com foco em inovação e responsabilidade.

Governança Editorial

Fortalecer a participação democrática nas decisões editoriais – Garantir que autores, organizadores, revisores, editores e leitores tenham voz ativa na construção das diretrizes, coleções e projetos da editora.

Promover a transparência em todas as etapas do processo editorial – Tornar públicos os critérios de avaliação, os fluxos de submissão, os prazos e as decisões, fortalecendo a confiança institucional.

Criar mecanismos de escuta e mediação editorial – Estabelecer canais para sugestões, críticas, denúncias e propostas, com acolhimento ético e encaminhamento responsável.

Integrar a governança editorial à missão institucional e ao PDI da UEPB – Alinhar as práticas editoriais aos valores da universidade pública, como inclusão, justiça social, sustentabilidade e compromisso com o território.

Incentivar a inovação editorial com responsabilidade – Testar novos formatos, tecnologias e linguagens, sempre com supervisão ética e atenção aos impactos sociais e culturais.

Monitorar e avaliar continuamente as práticas editoriais – Criar indicadores de qualidade, inclusão, acessibilidade e impacto, com relatórios periódicos e revisão das políticas conforme necessário.

Estabelecer parcerias estratégicas com editoras e instituições de referência – Participar de fóruns, consórcios, coletivos e iniciativas colaborativas que fortaleçam a ciência aberta, a bibliodiversidade e a soberania editorial.

Garantir a sustentabilidade institucional da editora – Planejar ações que assegurem a continuidade, a valorização das equipes e a ampliação do alcance da EDUEPB, sem abrir mão de seus princípios públicos.

Acessibilidade e Inclusão

Adotar formatos acessíveis: Publicações digitais devem seguir as diretrizes de acessibilidade do WCAG (Web Content Accessibility Guidelines), com recursos como texto alternativo para imagens, estrutura navegável, contraste adequado e compatibilidade com leitores de tela.

Disponibilizar versões inclusivas: Priorizar versões em braile, audiolivro, Libras e leitura simplificada, especialmente, para obras de interesse público ou educacional.

Incluir autores e colaboradores PCDs: Estimular a participação de pessoas com deficiência em todas as etapas do processo editorial — como autores, organizadores, revisores e editores, com respeito as suas especificidades e oferecendo suporte técnico e institucional.

Formar equipes editoriais sensíveis à acessibilidade: Promover cursos de capacitação em acessibilidade editorial, linguagem inclusiva e tecnologias assistivas, fortalecendo uma cultura editorial verdadeiramente plural.

Revisar continuamente suas práticas: Política editorial atualizada periodicamente para atender demandas emergentes e incorporar avanços técnicos, legais e sociais.

Ciência Cidadã

Valorizar a diversidade epistêmica e cultural – Reconhecer múltiplas formas de saber, incluindo saberes populares, indígenas, afro-brasileiros, feministas, quilombolas, LGBTQIA+ e outros que historicamente foram marginalizados.

Adotar uma visão holística da natureza e do mundo – Estimular abordagens que compreendem a interdependência entre seres humanos, meio ambiente, cultura e tecnologia, combatendo visões reducionistas e fragmentadas.

Promover o engajamento social e comunitário – Incentivar pesquisas e publicações que dialoguem com movimentos sociais, coletivos culturais, escolas, comunidades tradicionais e organizações da sociedade civil.

Defender a democracia e os direitos humanos – Rejeitar qualquer forma de negacionismo, autoritarismo ou discurso de ódio, reafirmando o papel da ciência na construção de sociedades livres, plurais e solidárias.

Enfrentar os riscos da erosão civilizatória – Reconhecer os desafios contemporâneos (como a desinformação, o colapso ambiental, a exclusão digital e a precarização do trabalho intelectual) e se posicionar em defesa da dignidade humana e da sustentabilidade planetária.

Estimular práticas editoriais comprometidas com o bem comum – Conceber o livro como ferramenta de transformação e a publicação como ato político, ético e pedagógico